quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

LADO B: Virando o disco

Por Taiane Souza

É necessário descobrir o artista que tem por trás de nós, e deixá-lo imaginar, sentir, criar e viver.

Estamos em uma sociedade de consumo e excesso, em que as pessoas, dominadas pela rotina, se esquecem muitas vezes de prestar atenção nos detalhes, sentir os cheiros e as texturas das coisas que as cercam, de refletir, abrir a cabeça, criar mundos novos ou transformar o que vivem.

Já dizia Fernando Pessoa: “A arte consiste em fazer os outros sentir o que nós sentimos, em os libertar deles mesmos, propondo-lhes a nossa personalidade para especial libertação.”

Com essa intenção, nós, alunos da disciplina de Artes Plásticas do Brasil, decidimos parar a cidade e o tempo, para que as pessoas dessa Viçosa, num dia comum, dessem espaço para o Lado B delas mesmas.

...

Era uma manhã quente e ensolarada de quarta feira, e quem observasse o movimento da Praça da Matriz, point dos senhores de idade avançada, das feirinhas de artesanato e abrigo da principal igreja viçosense, que recebe o nome da padroeira – Santa Rita de Cássia – veria mais um dia criando forma.

Mas quando chegamos, aos poucos, fotografias iam surgindo coladas pelas pilastras da praça, materiais para desenhar eram espalhados pelos bancos, chás com mensagens eram distribuídos para as pessoas, um novo texto era digitado numa máquina de escrever vermelho-retrô, e uma garota se preparava para dançar a dança do ventre.

A música começou, e a garota dançou, chamando a atenção dos que passavam. Dona Tereza, Tetê, “filha de Chacrinha”, como ela se apresentou, juntou-se à dança, e contagiando os que olhavam, mostrou que não há de ter vergonha na hora de se expressar. E depois dos aplausos, Tetê continuou, ao som do seu radinho de bolso, puxando até um forró com Gabriel.

Do outro lado, dois frequentadores da praça tentavam acordes no violão que foi colocado ali para quem quisesse tocar. Os mais diferentes traços davam origem a desenhos de plantas, mãos e caricaturas nas folhas espalhadas. E depois eram pregados no pequeno varal improvisado, que dava um toque de romantismo no lugar. Junto à máquina de escrever, um grupo de animados estudantes tentava corrigir os erros digitados:

- Cadê a tecla de apagar?!

Com muita prosa e vontade de fazer arte, por um momento, pouco que fosse, a praça da matriz foi outra naquela manhã de quarta-feira. As pessoas pararam, e lembraram que na vida há muita coisa bonita que não se pode esquecer de fazer. 










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